terça-feira, 28 de junho de 2011

The Girl With Many Eyes

The Girl With Many Eyes
in Nightmare Before Christmas.
Saúdo o mestre Tim Burton.

One day in the park
I had quite a surprise.
I met a girl
who had many eyes.

She was really quite pretty
(and also quite shocking!)
and I noticed she had a mouth,
so we ended up talking.

We talked about flowers,
and her poetry classes,
and the problems she'd have
if she ever wore glasses.

It's great to now a girl
who has so many eyes,
but you really get wet
when she breaks down and cries.


Tim Burton


Starry, starry night 

Composição: Don Mclean

 
Starry, starry night.
Paint your palette blue and grey,
Look out on a summer's day,
With eyes that know the darkness in my soul.
Shadows on the hills,
Sketch the trees and the daffodils,
Catch the breeze and the winter chills,
In colors on the snowy linen land.
Now I understand what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they did not know how.
Perhaps they'll listen now.
Starry, starry night.
Flaming flowers that brightly blaze,
Swirling clouds in violet haze,
Reflect in Vincent's eyes of china blue.
Colors changing hue, morning field of amber grain,
Weathered faces lined in pain,
Are soothed beneath the artist's loving hand.
Now I understand what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they did not know how.
Perhaps they'll listen now.
For they could not love you,
But still your love was true.
And when no hope was left in sight
On that starry, starry night,
You took your life, as lovers often do.
But I could have told you, Vincent,
This world was never meant for one
As beautiful as you.
Starry, starry night.
Portraits hung in empty halls,
Frameless head on nameless walls,
With eyes that watch the world and can't forget.
Like the strangers that you've met,
The ragged men in the ragged clothes,
The silver thorn of bloody rose,
Lie crushed and broken on the virgin snow.
Now I think I know what you tried to say to me,
How you suffered for your sanity,
How you tried to set them free.
They would not listen, they're not listening still.
Perhaps they never will...

Noite Estrelada me comove
como nenhuma outra Arte.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Haiku I

E de tão feliz,
Ela atirou contra o peito.
Terna cicatriz.

sábado, 25 de junho de 2011

Predileção desde a infância.
Atemporalidade de inquietação.


LISBON REVISITED
(1923)
Álvaro de Campos



Não: não quero nada.

Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

sexta-feira, 24 de junho de 2011












ABSTRACTA






O último cigarro que traguei
trazia consigo todo o meu estado de torpor,
a poesia que você dedicou a mim
e a autoria que roubei
Não por malícia
Só quis dizer que aqueles sentimentos escritos
também eram meus.

A fumaça doce cobriu o nome daquelas 7 mulheres
e seus corpos
que eram poesias completas
Concretas
Indecifravelmente Esfinges Modernas
de contornos infinitos
e traços dúbios,
Austeros.

Projetou-se com ferocidade
E traçou com sua língua poesia sobre minha pele
Ouvimos um disco antigo para restabelecermos
qualquer falha
Devolvi seu poema sem qualquer jogo de vilania
Mas antes deixei misturar-se
a matéria insipiente da minha Mulher.

Infindável poesia de amor.
O meu gesto de gostar
sub|trai
mas faz viver.





quinta-feira, 23 de junho de 2011

POEMA DA DESPEDIDA
[Mia Couto]

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.


PARA TI
[Mia Couto]

Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo

Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre

Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida.

Metalinguagem.


Sobre a poesia fotografada de momentos únicos.
Saudade dos meus melhores amores e amigos.




Quando viajávamos para fazer o que poderia ser feito tão perto de casa.





Quando nossos sonhos cabiam em no máximo um metro e meio.






Saíamos ao sol sem nos preocupar com quanto ele queria no aquecer. As letras de rock antigo se ocupavam de falar por nós. Nós em nosso submarino amarelo.






Sorrisos tortos e abraços mal-dados. Continue me amando desse cantinho aí. Desejo beijar muito ainda a sua face, amigo.






Juramos que nos falaríamos todos os dias.





Le petit mantins.





Houve os dias que quisemos ser de todas as cores. Só pra ofuscar quem sempre quis ser cinza.







Hey you. Sempre um grito nas minhas estruturas.






Julgávamos ser anjos, fadas e gnomos. Viajamos sem asas.





Quando nosso maior medo era se ia chover e a água atrapalharia nossa brincadeira na rua.



Como o mar pra mim. Sem nunca ter pousado os olhos, conheço e amo cada detalhe.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A Insustentável Leveza do Ser


de Milan Kundera.

Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Que idéia atroz! No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. Isso é o que fazia com que Nietzsche dissesse que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos (das schwerste Gewicht).

Se o eterno retorno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a sua esplêndida leveza.

Mas, na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?

O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino, O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.

Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.

Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

Foi a pergunta que Parmênides fez a si mesmo nó século VI antes de Cristo. Segundo ele, o universo está dividido em duplas de contrários: a luz e a obscuridade, o grosso e o fino, o quente e o frio, o ser e o não-ser. Ele considerava que um dos pólos da contradição é positivo (o claro, o quente, o fino, o ser), o outro, negativo. Essa divisão em pólos positivo e negativo pode nos parecer de uma facilidade pueril. Menos em um dos casos: o que é positivo, o peso ou a leveza?

Parmênides respondia: o leve é positivo, o pesado negativo. Teria ou não razão? Essa é a questão. Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições.


*Essa semana ainda dedico-me a fazer uma análise pessoal da obra.

terça-feira, 21 de junho de 2011


Blowin' In The Wind
Bob Dylan

hoje essa música não me sai da cabeça. Junto a ela me vem o cheiro de rosas da Torre Negra - minha companhia dos 16 anos. Dias singularmente nostálgicos.


How many roads must a man walk down,
Before you can call him a man?
How many seas must a white dove sail,
Before she sleeps in the sand?
Yes, and how many times must cannonballs fly,
Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

Yes, and how many years can a mountain exist,
Before it's washed to the seas (sea)
Yes, and how many years can some people exist,
Before they're allowed to be free?
Yes, and how many times can a man turn his head,
And pretend that he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind
The answer is blowin' in the wind

domingo, 19 de junho de 2011

Soneto I

Minha primeira lágrima verti
De amor, e na fusão de dor e espanto
Deixei que me corresse em paz o pranto
E em soluços clamei em vão por ti

No trilho desta lágrima, entretanto,
Conter meu pesar não consegui
Pois tudo que fascina e que sorri
Nada vale diante o teu encanto

De ti não me afasto nem e me ausento
Se te é oferecida esta lágrima
Pertence-te também meu sofrimento

Ah! Sanção por desejar o que desejo
Pudera esta lágrima vertida
Secar-se com o fogo do teu beijo

sábado, 18 de junho de 2011





Sophia de Mello Breyner Andresen


Retrato de uma princesa desconhecida


Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos


Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino



Vida longa ao Fim.


Tirando a poeira das minhas escritas. Aos dias dos meus 15 anos, saúdo.

"Não venho catequizar-te, ou fazê-lo culpado
Para isso, há muito, a Igreja inventou o pecado."

Desde já saúdo.
Saúdo a tudo aquilo que ousa ser.
Sem a mesquinhez de saudar as coisas boas da vida
que, em suma, preferem se esconder.

Saúdo o que é. E não o que tentou usurpar.
Ao desencanto religioso
Vamos, pois, saudar
O pecado da fé é no mínimo dogmatizar.

Saúdo quem erra. Todavia erra, buscando o acerto.
Ah! De fato não haveria de saudar
aqueles que corrigem e não vivem por medo
Justificam-se com Escrituras,
E como todos os outros pecadores
morrem cedo.

Saúdo o verso, a prosa e a rima.
O estilo cortado
O homem Abaporuerizado
do moderno sem disciplina.

Perco a sonoridade

Saúdo aos céus e não aqueles que o habitam.
O palco de todas as borboletas.
O azul que une ao mar. O mar que guarda Njord.
Aquele que o amor não vingou por barreiras geográficas.
Saúdo a inocência, aquela que encanta e brota na expressão da simplicidade excêntrica.Os olhos nus da verdade.
Saúdo a sustentação. Aos bons amigos de risos tortos e abraços maldados.
Saúdo as palavras que descansam meus ombros de fardos pesados.
Saúdo meus devaneios que me libertam do ordinário.
Saúdo a vingança, que anula a auto-destruição. Simplicidade útil.
Saúdo o silêncio, que já dissera palavras o bastante. O silêncio que evita definições errôneas.

Para mãos, dedos.
Para os dedos, unhas.
Para nós,vida longa ao fim.
Princípio enaltecido.
Apenas vindas longas, partidas breves.
Saudade distante.






"Hush now baby, baby, don't you cry
Momma's gonna make all of your nightmares come true
Momma's gonna put all of her fears into you
Momma's gonna keep you right here under her wing

She won't let you fly, but she might let you sing
Momma's will keep baby cozy and warm."

Floyd
Mother

Time
Pink Floyd

"Tired of lying in the sunshine staying home to watch the rain
You are young and life is long and there is time to kill today
And then one day you find ten years have got behind you
No one told you when to run, you missed the starting gun

And you run and you run to catch up with the sun, but it's sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you're older
Shorter of breath and one day closer to death."

sábado, 11 de junho de 2011

Elegia ao primeiro amigo

Vinícius de Moraes


Ao amigo que de qualquer modo eu encontraria.


Seguramente não sou eu
Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história.
É antes uma vontade indizível de te falar docemente
De te lembrar tanta aventura vivida, tanto meandro de ternura
Neste momento de solidão e desmesurado perigo em que me encontro.
Talvez seja o menino que um dia escreveu um soneto para o dia de teus anos
E te confessava um terrível pudor de amar, e que chorava às escondidas
Porque via em muitos dúvidas sobre uma inteligência que ele estimava genial.
Seguramente não é a minha forma.
A forma que uma tarde, na montanha, entrevi, e que me fez tão tristemente temer minha própria poesia.
É apenas um prenúncio do mistério
Um suspiro da morte íntima, ainda não desencantada...
Vim para ser lembrado
Para ser tocado de emoção, para chorar
Vim para ouvir o mar contigo
Como no tempo em que o sonho da mulher nos alucinava, e nós
Encontrávamos força para sorrir à luz fantástica da manhã.
Nossos olhos enegreciam lentamente de dor
Nossos corpos duros e insensíveis
Caminhavam léguas - e éramos o mesmo afeto
Para aquele que, entre nós, ferido de beleza
Aquele de rosto de pedra
De mãos assassinas e corpo hermético de mártir
Nos criava e nos destruía à sombra convulsa do mar.
Pouco importa que tenha passado, e agora
Eu te possa ver subindo e descendo os frios vales
Ou nunca mais irei, eu
Que muita vez neles me perdi para afrontar o medo da treva...
Trazes ao teu braço a companheira dolorosa
A quem te deste como quem se dá ao abismo, e para quem cantas o teu desespero como um grande pássaro sem ar.
Tão bem te conheço, meu irmão; no entanto
Quem és, amigo, tu que inventaste a angústia
E abrigaste em ti todo o patético?
Não sei o que tenho de te falar assim: sei
Que te amo de uma poderosa ternura que nada pede nem dá
Imediata e silenciosa; sei que poderias morrer
E eu nada diria de grave; decerto
Foi a primavera temporã que desceu sobre o meu quarto de mendigo
Com seu azul de outono, seu cheiro de rosas e de velhos livros...
Pensar-te agora na velha estrada me dá tanta saudade de mim mesmo
Me renova tanta coisa, me traz à lembrança tanto instante vivido:
Tudo isso que vais hoje revelar à tua amiga, e que nós descobrimos numa incomparável aventura
Que é como se me voltasse aos olhos a inocência com que um dia dormi nos braços de uma mulher que queria me matar.
Evidentemente (e eu tenho pudor de dizê-lo)
Quero um bem enorme a vocês dois, acho vocês formidáveis
Fosse tudo para dar em desastre no fim, o que não vejo possível
(Vá lá por conta da necessária gentileza...)
No entanto, delicadamente, me desprenderei da vossa companhia, deixar-me-ei ficar para trás, para trás...
Existo também; de algum lugar
Uma mulher me vê viver; de noite, às vezes
Escuto vozes ermas
Que me chamam para o silêncio.
Sofro
O horror dos espaços
O pânico do infinito
O tédio das beatitudes.
Sinto
Refazerem-se em mim mãos que decepei de meus braços
Que viveram sexos nauseabundos, seios em putrefação.
Ah, meu irmão, muito sofro! de algum lugar, na sombra
Uma mulher me vê viver... - perdi o meio da vida
E o equilíbrio da luz; sou como um pântano ao luar.

Falarei baixo
Para não perturbar tua amiga adormecida
Serei delicado. Sou muito delicado. Morro de delicadeza.
Tudo me merece um olhar. Trago
Nos dedos um constante afago para afagar; na boca
Um constante beijo para beijar; meus olhos
Acarinham sem ver; minha barba é delicada na pele das mulheres.
Mato com delicadeza. Faço chorar delicadamente
E me deleito. Inventei o carinho dos pés; minha palma
Áspera de menino de ilha pousa com delicadeza sobre um corpo de adúltera.
Na verdade, sou um homem de muitas mulheres, e com todas delicado e atento
Se me entediam, abandono-as delicadamente, desprendendo-me delas com uma doçura de água
Se as quero, sou delicadíssimo; tudo em mim
Desprende esse fluido que as envolve de maneira irremissível
Sou um meigo energúmeno. Até hoje só bati numa mulher
Mas com singular delicadeza. Não sou bom
Nem mau: sou delicado. Preciso ser delicado
Porque dentro de mim mora um ser feroz e fratricida
Como um lobo. Se não fosse delicado
Já não seria mais. Ninguém me injuria
Porque sou delicado; também não conheço o dom da injúria.
Meu comércio com os homens é leal e delicado; prezo ao absurdo
A liberdade alheia; não existe
Ser mais delicado que eu; sou um místico da delicadeza
Sou um mártir da delicadeza; sou
Um monstro de delicadeza.

Seguramente não sou eu:
É a tarde, talvez, assim parada
Me impedindo de pensar. Ah, meu amigo
Quisera poder dizer-te tudo; no entanto
Preciso desprender-me de toda lembrança; de algum lugar
Uma mulher me vê viver, que me chama; devo
Segui-Ia, porque tal é o meu destino. Seguirei
Todas as mulheres em meu caminho, de tal forma
Que ela seja, em sua rota, uma dispersão de pegadas
Para o alto, e não me reste de tudo, ao fim
Senão o sentimento desta missão e o consolo de saber
Que fui amante, e que entre a mulher e eu alguma coisa existe
Maior que o amor e a carne, um secreto acordo, uma promessa
De socorro, de compreensão e de fidelidade para a vida.

Rio de Janeiro, 1943


Fruto de uma conversa de bar com bons amigos
Algumas reflexões sobre o amor.



"Cada ano dediquei-me a alguém
e supus ser diferente - não melhor; apenas novo.
E, assim, quis conhecer a sua vida
e partilhar do seu gostar de.

De cada reconhecimento ficou uma marca:
Houve os dias em que o encanto veio das mãos -
naqueles dias não era o toque,
era o simples manejar dos gizes-de-cera.
Conheci quem eu amasse pela Literatura ou pelo desenho
amei julgando ser os olhos
toda a causa da minha inquietação.

Questionaram-me:
Gosta de mim mais do que já gostou de qualquer outra pessoa?
Oras! São diferentes modos de amar.
Amo pelo encantamento que sinto.
Por que querer Tudo que sinto?
Eu ficaria seca
Sem nenhuma chance de me regenerar e
amar ao menos mais uma vez.

Toda a inconstância do conhecimento
do que nunca havia sentido
dedico-me ainda a isso
em verbo
e substantivo."





"The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...I want to...fuck you.

...


This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end."

The Doors

quinta-feira, 9 de junho de 2011


Poesias in.concretas desses dias



a minha queridíssima amiga a quem nunca me dirigi.




RITA
TRAI
TIRA
ALITERA.
RITA, ELA.